Fantasiando sobre suicídio outra vez
pensei em ligar praquele número lá,
não sei.
Imaginava morrer num campo de tulipas ou numa exibição de arte, ou ao ar livre numa noite estrelada. Imaginava muitas coisas.
Eu, tão ínfimo, sendo engolido por um azul infinito,
azul puro, sublime e infinito.
E então os operários cantariam
e os amantes cantariam
e os filhos primeiros cantariam:
“é o fim, é o fim
da longa jornada
adeus, camarada
adeus!”
pensei em ligar praquele número,
ou pra alguém e dizer “ei eu meio que tô numa fase merda”
ou dizer “ei você me deixou assim”
ou
“ei, desculpa por tudo”.
Duas bitucas de cigarro sobre a mesa,
Tchaikovsky tocando,
acabou.
Não é tão ruim assim.

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Sobre o Autor

Escritor de tudo o que vaga pela minha mente. Fundador/criador do extinto Clube da Insônia (o verdadeiro) e apaixonado por gastronomia, tatuagens, literatura e música.