Em um cenário hipotético (ou não tão hipotético assim?), o Batman que conhecemos no atual universo cinematográfico da DC não existiria mais. Existem inúmeros rumores (já desmentidos pelo próprio ator) de que Ben Affleck deixaria o manto do Morcego e outro ator assumiria seu lugar, talvez um cara mais novo, capaz de dar a esse Batman uma abordagem mais novata e menos cansada. Porém, como muitos acreditam, existe outra maneira de Ben Affleck continuar na pele do Vigilante de Gotham, sem transparecer esse ar cansado, perturbado e de fim de carreira como vimos em Batman vs Superman e veremos em Liga da Justiça.

Com a chegada de Matt Reeves ao cargo de diretor do próximo filme solo do Cavaleiro das Trevas, e a influência de Geoff Johns na montagem e continuidade do universo iniciado por Zack Snyder, o longa do Morcego, embora esteja nas mãos de talentosíssimos profissionais, pode sofrer um pouco em decorrência da continuidade das histórias envolvendo o universo em que ele se passa. Como transformar o velho Batman do Affleck em um herói de cânone estabelecido no cinema? A resposta é super simples, e, sinceramente, interessante. Por que não investir em prelúdios?

The Batman, os primeiros saltos do Morcego!

Inspirado na mais aclamada graphic novel do Vigilante de Gotham, Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, o Batman de Batman vs Superman mostrava-se ser um adulto de meia idade, atormentado e sem muito heroísmo. Era agressivo e, como todos sabemos, capaz de matar. Mas a jornada que o levou àquele ponto em sua carreira é uma incógnita no cinema (embora teorias para isso sejam o que mais existem pela internet à fora). Matt Reeves revelou recentemente que não planeja fazer apenas um filme do Cavaleiro das Trevas, mas sim uma trilogia; então eu me peguei pensando… valeria a pena explorar novamente um Batman velho e, indiretamente, jogá-lo no clichê hollywoodiano de redenção? Eu acredito que não. Como disse anteriormente, sabemos quem o Batman em fim de carreira é, mas não sabemos o que o levou até tal lugar. Com um Superman ainda inexperiente, assim como Flash, Ciborgue, Shazam e acredito que outros, por que não explorar um Batman inexperiente também (sem que seja necessário uma troca de ator, para um reboot do personagem nas telonas)?

The Batman poderia simplesmente abrir caminho para toda a mitologia em volta da cidade de Gotham, com todos os malucos a solta, e um cara mais maluco ainda, trajado de preto, combatendo outros insanos com as próprias mãos. Se esse filme fizer parte de uma nova trilogia do personagem nos cinemas, poderíamos começar em um ponto específico, sem que a história nos conte novamente a origem de Bruce Wayne (nos moldes do que a Marvel fez em Homem-Aranha: De Volta ao Lar), e que, ao fim do terceiro longa, víssemos o Morcego cansado e violento dos que nos foi entregue em Batman vs Superman. Não desrespeitando o cânone do personagem, veríamos sua evolução e declínio. Sua perda de fé na humanidade, até se deparar com o novato Filho de Krypton, visto em Homem de Aço.

Histórias para usar como base dessa nova trilogia

O Batman sempre foi um herói que me chamou muita atenção, e que hoje em dia considero meu personagem predileto dos quadrinhos, muito por causa de seus vilões. Fala sério, o que seria do Morcego sem seus malucos e cruéis antagonistas? No cinema, muitos deles apareceram, em filmes medíocres ou espetaculares, além de alguns deles já terem aparecido mais de uma vez, interpretados por atores diferentes em diferentes épocas, mostrando outras roupagens e visões desses personagens. Com uma iniciativa igual a essa que proponho, poderíamos ter três filmes explorando vilões que nunca apareceram, ou já apareceram e foram desperdiçados.

Já imaginaram os novos longas do Vigilante de Gotham trazendo Charada, Mr. Freeze, Victor Zsasz, Silêncio, Pinguim, Hera Venenosa e Mulher-Gato (introduzidas nessa cronologia passada para que possam aparecer, no futuro, interpretadas pelas mesmas atrizes, em Sereias de Gotham), Duas-Caras, Ra’s Al Ghul, Bane, e é claro, o Coringa? Lógico que, se quisessem, nem todos eles poderiam aparecer, ou então alguns que eu não citei dessem às caras. Mas, aproveitando-os bem, expandir a mitologia do Batman ao longo desses três filmes tornariam Gotham nesse universo cinematográfico um dos maiores atrativos das histórias, sem precisar de milhões de filmes derivados desses personagens. Eu quero muito ver também uma exploração do Asilo Arkham, que praticamente inexiste nas adaptações que temos do Cavaleiro das Trevas e de seu universo (foi brevemente mostrado em Esquadrão Suicida e citado na versão estendida de Batman vs Superman).

Aliás, muita gente, inclusive eu, se decepcionou bastante com o Coringa interpretado por Jared Leto. Em Batman vs Superman, sabemos que o Palhaço já deu muito trabalho para o Morcego e que, inclusive, Jason Todd já estaria “morto” na linha temporal. Em uma cena, desse mesmo filme, Bruce Wayne diz que “ninguém permanece bom nesse mundo”, dando a entender, quem sabe, que o nosso querido segundo Robin já retornou à vida, e é o Capuz Vermelho hoje em dia. Mas já imaginaram o segundo filme dessa nova trilogia abrindo com a morte de Todd? Em uma cena extremamente violenta, mostrando o quão doentio o Coringa pode ser? Quem sabe teríamos até uma redenção de Jared Leto no papel do Palhaço. O Coringa já foi utilizado em tantas adaptações ao longo dos anos, por mim apenas uma pequena cena parecida com essa, mostrando toda a insanidade do personagem, me satisfaria ao longo dessas três histórias cinematográficas que Matt Reeves possa estar planejando, até porque, temos que dar mais espaço para novos vilões no cinema. Sem falar que, uma abordagem mais detetivesca do Homem-Morcego, é ideal. Pra que glamorizar tudo? Faça um filme pequeno e pé no chão do personagem, sem muita invenção de moda.

Existem histórias ótimas que nunca vimos nas telonas, como Morte Em Família seguido por Sob o Capuz (que uma adaptação seria mais que bem vinda, ainda mais porque pistas sobre isso nos foram deixadas em Batman vs Superman), Corte das Corujas e Noite das Corujas (que abordam um Batman mais novo, como essa nossa proposta – além de já apresentar o Asa Noturna nesse universo), Decifra-Me (uma minissérie ótima, recomendada a mim pelo meu amigo aqui dos comentários, Kleber Oliveira, focada no Charada), O Filho do DemônioSilêncio e, quem sabe, até mesmo A Piada Mortal (mas isso já iria contra a minha proposta de uma aparição curta do Leto nessa série de filmes – sem falar que é um quadrinho violento demais para se adaptar fielmente para o cinema; mas que seria foda, seria).

Balancear as aparições nos longas fora da trilogia

Nesse universo da DC nos cinemas, praticamente todos os heróis serão jovens, iniciando nessa vida de salvar as pessoas. O Superman tem muito o que evoluir, assim como todos os outros heróis. A Mulher-Maravilha, o Batman e os Lanternas Verdes (Hal Jordan e John Stewart, como sugerem alguns rumores) serão os únicos heróis com mais idade de combate ao crime nas histórias. Isso me dá uma ideia. Enquanto os outros membros (ou futuros membros) da Liga da Justiça ganham seus filmes solos e se aventuram em suas descobertas, esses encapuzados mais velhos que citei ficariam mais no controle e proteção do planeta Terra, sossegados (principalmente o Batman). Portanto, poderíamos ver Bruce Wayne nos futuros filmes da Liga e em pequenas aparições, como apenas uma grande mente, em outras produções. Como se o Morcego tivesse aposentado das ruas, e servisse apenas para o controle de ameaças extraterrestres agora. E quem assumiria o lugar do Batman em Gotham? Bem, os filmes do Asa Noturna e da Batgirl estão aí, não é? Eles poderiam simplesmente serem os novos guardiões da cidade, apenas sendo auxiliados pelo Morcego.

Só sei que, com uma boa maquiagem, e uns quilinhos a menos, Ben Affleck poderia facilmente nos entregar um Batman mais jovem. Ele já é o melhor Morcego do cinema (the treta has been planted), agora só precisa de mais aparições e filmes bons. Bem, isso é tudo, pessoal. Espero que tenham gostado dessa minha proposta/iniciativa. Sua companhia aqui foi um prazer, até logo!

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Sobre o Autor

Apaixonado por quadrinhos, cinema e literatura. Estudante de Matemática e autor nas horas vagas. Posso também ser considerado como um antigo explorador espacial, portador do Jipe intergaláctico que fez o Percurso de Kessel em menos de 11 parsecs — chupa, Han Solo!